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Jamaica Brasileira: a jornada do reggae em São Luís e a importância do gênero para a formação identitária da capital

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Jamaica Brasileira: a jornada do reggae em São Luís e a importância do gênero para a formação identitária da capital

Neste 8 de setembro, São Luís comemora 412 anos de história. O reggae é um exemplo do legado da força cultural que a capital tem, adaptando-o aos moldes ludovicenses tanto a forma de tocar quanto de dançar. O g1 traz a trajetória de chegada e mudanças que o reggae passou para ser conhecido e destacado como é nos dias atuais. Chegado na década de 1960 na capital, “o reggae em São Luís é um fenômeno de massa Maurício Alexandre Carregada de histórias e conhecida por ser uma cidade mística, São Luís, a capital maranhense, é regada de vários encantos populares construídos desde sua fundação pelos antepassados, colonizadores e escravizados, que chamam atenção pela resistência dos legados materiais e imateriais. Ao longo destes 412 anos, comemorados neste 8 de setembro, esses legados se manifestam nas expressões artísticas e culturais que circundam a cidade, dão vida e são encontradas apenas na Ilha do Amor, como São Luís é chamada. A exemplo dessas manifestações, estão o bumba meu boi e o tambor de crioula, onde há uma fusão de peculiaridades religiosas e seculares. Outro exemplo que serve como fator muito importante na apresentação imagética e identitária de São Luís é a forma como o gênero musical reggae foi apropriado pelos ludovicenses. Com um jeito próprio de se dançar, geralmente em pares, agarradinho um ao outro, o reggae passou a ser parte inseparável da cultura e estilo de vida de várias pessoas da cidade, conhecida como Jamaica Brasileira. Chegado na década de 1960 na capital, “o reggae em São Luís é um fenômeno de massa. Popularizando-se entre as classes sociais mais pobres, antes mesmo de se tornar midiático, o ritmo, importado da Jamaica, conquistou espaço na Ilha através de um processo de identificação, que não compreendeu, necessariamente, uma imposição cultural”, comenta a jornalista e escritora maranhense Karla Freire. A chegada do reggae Autora do livro “Onde o Reggae é Lei”, Karla Freire fala que não se sabe exatamente como foi a trajetória do reggae e sua chegada no Maranhão. Porém, ao ouvir donos de radiolas, que são as caixas de som e que reúnem pessoas para curtir a música, já consagrados, em seu estudo intitulado “A Trajetória do Reggae em São Luís: Da Identificação Cultural à Segmentação”, a pesquisadora levanta duas hipóteses sobre a possível vinda e jornada do gênero. Autora do livro “Onde o Reggae é Lei”, Karla Freire fala da trajetória do reggae e sua chegada no Maranhão Arquivo Pessoal A primeira possibilidade é que o reggae tenha chegado no Maranhão por meio de marinheiros da Guiana Francesa, do Caribe e de outras ilhas, que aportavam na cidade de Cururupu e trocavam discos de vinis de reggae por comida e bebida ou para pagar prostitutas no Porto do Itaqui. Essa espécie de escambo teria sido dado início à era regueira no estado. “É provável que os primeiros discos tenham sido trazidos por marinheiros que vinham da Guiana Francesa e aportavam em Cururupu. Sem dinheiro para pagar as refeições, eles trocavam vinis de reggae por comida e bebida com donos dos bares ou usavam os vinis como moeda de troca para pagar as prostitutas no Porto do Itaqui, em São Luís”, disse Karla. Contudo, a pesquisadora explica que a maioria dos donos de radiola da capital acredita que o DJ José Ribamar da Conceição Macedo, o Riba Macedo, seja o pioneiro em tocar reggae no Maranhão e tenha trazido o gênero para o estado. Riba teria iniciado a inserção do reggae em São Luís após ter conhecido um vendedor de discos no Pará, chamado Carlos Santos. “Riba gostava de música “estrangeira lenta” e Carlos passou a lhe trazer vinis de reggae, que eram novidade no país. A proximidade geográfica entre o Maranhão e o Pará, além da semelhança entre os ritmos que predominavam nos dois estados no período, pode ter facilitado a entrada do reggae no estado via Pará”, explica a jornalista. Jeito único de dançar De cantoras do mundo pop internacionais, como Adele, Lady Gaga e Lana Del Rey, até às músicas de artistas nacionais, no Maranhão, é comum ouvir grandes sucessos sendo adaptados para o reggae. Esta é uma das formas como o gênero, mais uma vez, foi colocando sua própria identidade e características nas produções culturais estrangeiras. Em São Luís, os regueiros e amantes do reggae também tem um jeito próprio de dançar Divulgação/Setur Em São Luís, os regueiros e amantes do reggae também tem um jeito próprio de dançar. Na capital, o jeito mais comum é dançar aos pares, em passos lentos e com um toque de sensualidade, diferente da Jamaica, onde a forma física de se expressar carrega um significado de resistência, demonstrando força. “Desconhecendo a religião Rastafari, a filosofia do reggae e o contexto social jamaicano, que faziam com que o povo de lá dançasse demonstrando força, os maranhenses ressignificaram a dança, tornando-a mais sensual. É por isso que São Luís é conhecida como o único lugar do mundo onde se dança “agarradinho”. Essa mudança ocorreu dentro dos locais onde o reggae era tocado no início da década de 1970. Como uma novidade, a população não sabia como se deveria dançar esse novo ritmo e, como ele era tocado em locais onde predominavam os gêneros do forró, lambada, bolero, e merengue, o reggae se adaptou ao usual modo de dançar estes gêneros. “Nos intervalos de sequências mais agitadas, os discotecários passaram a tocar estilos cadenciados. Foi desta forma que o reggae foi despontando no cenário musical da capital, onde era conhecido, nos anos 1970, como música “estrangeira lenta”. Aliás, como estes ritmos que dominavam os salões populares da cidade eram dançados a dois e ninguém sabia o modo de se curtir o ‘novo ritmo’, o reggae passou a ser dançado aos pares”. 3ª edição do livro "Onde o Reggae é a lei" é lançada em São Luís

Publicada por: RBSYS

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