Polícia Civil criou um grupo especial de proteção ao torcedor. No primeiro ano, 62 suspeitos foram presos. Dez se tornaram réus por crimes como roubo, lesão corporal e associação criminosa. Falsos torcedores de futebol espalham violência em Goiás
Longe dos estádios, fora dos dias de jogo, e sem motivo algum, falsos torcedores de futebol espalham violência nas ruas de Goiânia. Os ataques são combinados em aplicativos de mensagens, as estratégias são imitações de jogos eletrônicos e, na maioria das vezes, a vítima é escolhida na hora.
No dia 17 de dezembro, na Grande Goiânia, a vítima foi o jovem Sandro Carvalho. Os agressores chegam de carro, perguntam para que time Sandro torce, ele responde que é Vila Nova, time de Goiás. Foi o que bastou.
Eles podem até usar camisas de torcidas organizadas, mas, segundo os investigadores, não são filiados a nenhuma.
“A grande maioria sequer frequenta os estádios. Não sabem a escalação do time, quantos pontos o time tem, quem é o técnico”, afirma o delegado Samuel Moura.
O jogo deles é outro. Disputam campeonatos na internet que simulam brigas de torcida.
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No dia 31 de outubro, também em Goiânia, Gabriel de Souza tentou fugir de uma investida. Foi perseguido e alcançado. Os membros da gangue o agrediram até que ele desmaiasse. Roubaram o celular dele e cartões de banco. Gabriel sofreu lesões gravíssimas e precisou passar por cirurgias.
Em um áudio, o motorista de uma das gangues chega a reclamar por não participar da covardia.
“Não dá pra bater em quase ninguém. Toda vez que eu vou, quando eu mal trisco no cara, tem que voltar pra dentro do carro, porque todo mundo sai correndo”, afirma o agressor em mensagem interceptada pela polícia.
Há um ano, a violência dos falsos torcedores passou a atingir qualquer um que estivesse na hora errada, no lugar errado. Em 30 de abril, o motorista de um ônibus apedrejado pelos criminosos acabou muito ferido.
Em 20 de março, foi pior. O frentista Luiz Gustavo da Silva tenta defender uma vítima de um desses grupos e é golpeado por trás. Leva sete pancadas na cabeça com um capacete. Ele ficou dez dias em coma, na UTI. Luiz está sendo acompanhado por psicólogo e psiquiatra e dez meses depois do ataque faz reabilitação pra tentar voltar ao trabalho.
Em Goiás, depois da agressão ao frentista Luiz, a Polícia Civil criou um grupo especial de proteção ao torcedor.
No primeiro ano, em parceria com o Batalhão Especializado de Policiamento de Eventos e com o Ministério Público, o grupo já prendeu 62 suspeitos. Dez seguem presos e os demais estão com medidas restritivas, como o uso de tornozeleira e a proibição de sair de casa à noite. Na quinta-feira (25), os presos se tornaram réus por crimes como roubo, lesão corporal e associação criminosa.
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Publicada por: RBSYS