Massa de ar quente se chocou contra massa de ar úmida típica da Baixada Santista, causando névoa. Apesar de comum em outras épocas do ano, o nevoeiro raramente é visto durante o verão devido às características da atmosfera. Sol 'luta' com névoa que se formou no céu do bairro Marapé, em Santos (SP).
Rodolfo Bonafim
Uma névoa, extremamente rara para esta época do ano, foi vista encobrindo o céu da Baixada Santista neste sábado (16). Também conhecido como “entrechoque”, o fenômeno é o encontro entre uma massa de ar muito quente e a umidade atmosférica. Imagens obtidas pelo g1 mostram o nevoeiro no céu do bairro Marapé, em Santos (SP).
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
Rodolfo Bonafim, da ONG Amigos da Água e do Canal Geoastrodicas, afirmou ao g1 que a névoa foi vista em Praia Grande, São Vicente, Cubatão, Santos e Guarujá em pleno Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas.
No ramo há 25 anos, o especialista definiu o fenômeno como “inédito” e um sinal das consequências das transformações no clima.
Segundo Rodolfo, essa massa de ar quente foi formada pela onda de calor que vem atingindo regiões como o Centro-Oeste e o interior paulista. Com características secas, ela veio do continente para a Baixada Santista e se chocou com outra mais fria e úmida, típica de cidades litorâneas. Com isso, formou-se a névoa, que retém temporariamente a umidade do ar.
Mais comum no frio
Initial plugin text
Rodolfo destacou que a onda de calor ocorre quando a atmosfera fica aquecida 5°C acima da média por pelo menos cinco dias, considerando a época do ano. Isso indica que o tempo está bem quente tanto no litoral quanto em outras regiões.
Na primeira imagem, registrada por volta de 7h30, o céu aparece completamente encoberto. Aproximadamente de uma hora depois, o sol “luta” por espaço e começa a ganhar protagonismo (confira acima).
Embora os nevoeiros sejam comuns durante o ano, eles são raros quando motivados por ondas de calor. Na realidade, a formação é mais frequente no fim do inverno e início da primavera, entre o fim de julho e o mês de agosto.
Nas estações com clima mais ameno, a temperatura dos oceanos fica mais baixa, e os ventos do sudeste e leste mais intensos chegam ao litoral, onde se chocam com massa de ar quente vinda do interior paulista e Centro-Oeste.
‘Não deveria estar acontecendo’
O fenômeno, em pleno verão e em meio à onda de calor, mostra que a atmosfera do país está alterada. “Essa névoa não deveria estar acontecendo", disse Rodolfo.
"Essa 'neblina' é uma neblina inédita, porque é causada por uma bolha de calor. Por uma onda de calor que está se tornando cada vez mais frequente no verão devido às mudanças do clima. Então, fenômenos como esse, acontecendo no verão, deverão ser mais frequentes no futuro próximo".
Segundo o climatologista, há muitas nuvens baixas no céu neste sábado, impedindo que a temperatura suba. Já no domingo (17), os termômetros poderão atingir de 37°C a 38°C porque a massa de ar quente ganhará mais força em meio à névoa.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Publicada por: RBSYS