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Em ‘Pasárgada’, Irene tenta desvendar mistério do tietê-de-coroa e expõe tráfico de animais silvestres

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Em ‘Pasárgada’, Irene tenta desvendar mistério do tietê-de-coroa e expõe tráfico de animais silvestres

Filme dirigido por Dira Paes se passa na região serrana de Macaé (RJ) e revela biodiversidade da Mata Atlântica brasileira. Estreia nos cinemas acontece nesta quinta-feira (26). Estreia de "Pasárgada" nos cinemas acontece nesta quinta-feira (26) em 15 cidades do Brasil Fernanda Machado/TG Se perguntássemos a ornitólogos e observadores de aves qual o sonho de avistamento, muitos certamente responderiam: encontrar o tietê-de-coroa. No filme “Pasárgada”, que estreia nesta quinta-feira (26), a busca pela ave é um dos pontos altos do longa-metragem. Nele, a ornitóloga Irene, interpretada por Dira Paes, embarca em uma expedição pela Mata Atlântica atrás de espécies raras, incluindo a enigmática Calyptura cristata, considerada desaparecida ou supostamente extinta. Luciano Lima, biólogo do Terra da Gente e consultor técnico do filme, destaca a importância da presença do tietê-de-coroa na narrativa. Ele explica que, embora a espécie seja emblemática, exclusiva do Brasil e da Mata Atlântica, ela é pouco conhecida pelo público em geral. Busca pelo tietê-de-coroa é um dos pontos altos do longa-metragem William Swainson “O filme falar sobre o tietê-de-coroa com o público não acadêmico é muito importante do ponto de vista da divulgação científica. Com certeza muita gente vai ficar curiosa e buscar informações sobre a ave. Nós conhecemos muitas espécies ameaçadas, como o mico-leão-dourado e a arara-azul, mas existem várias outras. E falar sobre as espécies também é uma forma de conservação. Eu costumo dizer que esquecer é outra forma de extinguir”, ressalta. Para o biólogo, Dira incorporou muito bem a personagem Irene. Ele destaca também o cuidado da produção e dos atores em ilustrar a grandeza da biodiversidade brasileira. “Ao meu ver, é o filme produzido com o maior número de espécies de aves. E são aves da Mata Atlântica mesmo. Nós ornitólogos sempre criticamos os filmes que se passam na Mata Atlântica e apresentam cantos de aves da Amazônia, como o cricrió, ou até aves da América do Norte”. Dira Paes, elenco e direção apresentam filme durante pré-estreia no Rio de Janeiro Roberto Filho “A produção teve uma preocupação em associar as aves aos ambientes que aparecem no filme. Quem é observador de aves vai reconhecer que, quando aparece uma área mais aberta, canta o tiziu ou o saci, e em áreas de mata mais fechada, canta uma araponga ou um inhambu-guaçu. Então, tem uma verdade ornitológica que eu fiquei muito feliz de ver no resultado", completa Luciano. Neste momento, o filme será exibido em 30 salas em 15 praças diferentes. As praças são: Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, São José dos Campos, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Curitiba, Belém, Ananindeua, São Luiz e Manaus. De acordo com uma das produtoras do filme, a ideia é que seja expandido para outras cidades em de interesse por parte dos exibidores. Pré-estreia no Rio de Janeiro teve presença dos ornitólogos João Quental e Luciano Lima, que prestaram consultoria técnica ao filme Roberto Filho Dilema pessoal de Irene O filme explora a contraditória relação de Irene com as aves, a natureza e consigo mesma. Embora nitidamente apaixonada pelas aves, ela faz parte de uma trama relacionada com o tráfico de animais silvestres. Ao lado de Manuel, um mateiro vivido por Humberto Carrão, Irene confronta suas escolhas e busca resgatar sua essência. Ao lado de Manuel, um mateiro vivido por Humberto Carrão, Irene confronta suas escolhas e busca resgatar sua essência Peter Wery Durante a pandemia de Covid-19, a artista se isolou nas montanhas do Arraial do Sana, um distrito de Macaé, localizado a 165 km da capital do Rio de Janeiro, onde o filme foi gravado em 2020. Em várias cenas, é possível admirar o famoso "peito do pombo", uma formação rochosa que se assemelha a um pombo pousado sobre a pedra, situada a 1.400 metros de altitude. A região é rica em biodiversidade e um dos locais mais procurados por pesquisadores de aves no mundo, servindo de inspiração para a narrativa do longa. Filme foi gravado nas montanhas do Arraial do Sana, um distrito de Macaé, localizado a 165 km da capital do Rio de Janeiro Peter Wery Nascida no Pará, cercada pela Floresta Amazônica, Dira Paes desenvolveu uma forte conexão com a natureza e um compromisso com o ativismo ambiental, que foram fundamentais para a construção da narrativa de "Pasárgada". Reflexão importante Dados alarmantes, como o fato de que 80% dos animais contrabandeados no Brasil são pássaros, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), impulsionaram a cineasta a abordar esse tema. Além disso, o tráfico de animais é considerado o terceiro maior crime de contrabando no mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e armas. De acordo com a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), estima-se que cerca de 38 milhões de espécimes sejam retirados da natureza brasileira anualmente pelo tráfico ilegal, o que não apenas prejudica o ecossistema devido à ausência de determinadas espécies, mas também impacta diretamente o equilíbrio ecológico nos novos ambientes em que esses animais são inseridos. Durante o desenvolvimento do roteiro, Dira se dedicou à observação de pássaros, um fator crucial na escolha da profissão da protagonista Irene Peter Wery Durante o desenvolvimento do roteiro, Dira se dedicou à observação de pássaros, um fator crucial na escolha da profissão da protagonista Irene. “Inspirada pelos versos do grande poeta modernista Manuel Bandeira, comecei a refletir sobre o poema ‘Vou-me embora pra Pasárgada’ e sobre o desejo que todos temos de alcançar nosso paraíso particular, um lugar onde a felicidade parece possível, ainda que de maneira onírica”, diz Dira. No poema, Pasárgada é uma cidade imaginária que representa um lugar de liberdade, prazer e refúgio. O poeta a usa como metáfora para a busca por uma vida que poderia ter sido diferente No filme, Irene tem a companhia de duas figuras locais, Ciça (Ilson Gonçalves) e Manuel (Humberto Carrão), guia da região que auxilia a ornitóloga durante exploração na Mata Atlântica Roberto Filho A atriz explica que, na trama, Irene vive um momento de reencontro com sua própria essência quando entra na mata. “Minha pasárgada tem muitas aves e natureza. Sem isso não sou ninguém. Eu tenho orgulho de dizer que sou uma ativista ambiental desde os meus 13 anos”, conclui a atriz e diretora do filme. O enigmático tietê-de-coroa Ave endêmica de uma pequena área na região serrana da Mata Atlântica, no norte do estado do Rio de Janeiro, o habitat do tietê-de-coroa se restringe a bosques de formações montanhosas entre 400 e 900 metros de altitude, embora também tolere habitats secundários, onde foi encontrado em outubro de 1996 pelo ornitólogo Ricardo Parrini, mais precisamente em Teresópolis, na região da Serra dos Órgãos. Tietê-de-coroa foi encontrado pela última vez em outubro de 1996 pelo ornitólogo Ricardo Parrini na região da Serra dos Órgãos e até hoje ornitólogos e observadores de aves saem à procura da espécie Devanir Gino/TG De acordo com o biólogo Luciano Lima, outros ornitólogos e observadores de aves, avisados por Parrini, conseguiram ver a espécie nos dias seguintes, mas desde então ela nunca mais voltou a ser encontrada. “Não há fotos, filmes ou gravações da vocalização do tietê-de-coroa, mas sua existência ‘física’ é confirmada por cerca de 100 espécimes preservados em museus pelo mundo”, conta. Pouco se sabe sobre seus hábitos, mas o tietê-de-coroa é um pássaro discreto que vive em casais e se movimenta na vegetação do dossel à média altura, evitando a exposição nas copas das árvores de florestas úmidas. Ilustração científica do tietê-de-coroa (Calyptura cristata) Arquivo pessoal Essa ave tímida, com 7,6 centímetros de comprimento, é predominantemente verde oliva brilhante, com uma crista vermelho-alaranjada e uma barriga amarelo brilhante. Suas asas e cauda curtas são negras, apresentando faixas brancas. Apesar de sua ausência nos últimos anos, a esperança permanece. Em algum lugar da Mata Atlântica, uma das aves mais misteriosas do planeta talvez aguarde ser reencontrada, pronta para surpreender e encantar aqueles que buscam sua rara presença na natureza. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

Publicada por: RBSYS

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