Em novembro de 2023, o consumo residencial aumentou 14,2% em comparação com o mesmo mês de 2022; no comércio, o crescimento foi de 11,2% e, na indústria, 3,7%. Calor excessivo antecipa pico de consumo de energia no Brasil
O calor excessivo do fim de 2023 para cá fez o consumo de energia atingir o pico antes do período normal, no Brasil.
A paulista Marianna foi morar no Rio em maio de 2023 e se preparou para o calor. Quando a temperatura subia, ela colocava bolsas de gelo e água em um compartimento do ventilador para amenizar o ambiente dentro de casa.
"Eu me senti dentro de uma air fryer basicamente", brinca.
Brasileiros de norte a sul sofreram o impacto com ondas de calor fora do normal. Em outubro e novembro, o Rio teve dias que a temperatura passou dos 42ºC e uma sensação térmica acima dos 50ºC.
A Marianna pretendia enfrentar o calor habitual do Rio com um pequeno climatizador que pode resfriar o ambiente, mas acabou surpreendida pelas temperaturas extremas registradas, principalmente, a partir de setembro. E, como muita gente, correu para comprar um ar-condicionado, equipamento que fez disparar o consumo de energia no Brasil.
"Eu custei muito para encontrar ar-condicionado, todo mundo procurando, estava bem difícil de encontrar, principalmente o de janela", conta.
Estudo da Empresa de Pesquisa Energética mostra que, em novembro de 2023, o consumo residencial aumentou 14,2% em comparação com o mesmo mês de 2022. O consumo no comércio cresceu 11,2%, enquanto que na indústria esse crescimento foi de apenas 3,7%.
Consumo de energia elétrica
Jornal Nacional/Reprodução
O diretor da EPE diz que os dados mostram uma mudança radical no consumo.
"Usualmente, esse aumento ele vem basicamente no período de maior consumo histórico que a gente tem, que é dezembro, janeiro, fevereiro e março. Entretanto, no ano passado, foi verificado esse aumento em outubro, em novembro especialmente", diz Tiago Teixeira, diretor da EPE.
O professor Nivalde de Castro, da UFRJ, explica que o consumo de energia só tem uma explicação: as ondas de calor cada vez mais frequentes.
"Nós não temos nenhum risco de apagão. O que nós temos é o risco da crise climática que eleva a temperatura e faz com que o consumo de energia elétrica residencial e comercial cresça bem acima do crescimento do PIB que era a variável mais tradicional de correlação entre demanda de energia e atividade produtiva", ressalta.
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Publicada por: RBSYS