Decisão foi informada, nesta sexta (15), pelo REC Cultural, responsável pelo projeto que dividiu opiniões por causa da possibilidade de descaracterização urbanística e histórica do local. Projeto de centro cultural no Bairro do Recife, que prevê restaurante no topo de dois edifícios tombados
Reprodução/Iphan
Foi suspenso, por tempo indeterminado, o projeto de construir um restaurante em formato de zepelim sobre prédios tombados em frente ao Marco Zero, no Bairro do Recife, no Centro da cidade. A decisão foi informada nesta sexta-feira (15) pelo REC Cultural, responsável pelo projeto. Em nota, o grupo empresarial disse que vai deixar "para momento posterior" a discussão com a sociedade sobre a ocupação da cobertura dos imóveis.
A obra causou polêmica e dividiu opiniões entre os que apoiam o empreendimento, como forma de recuperar espaços sem uso, e os que desaprovam, apontando a possibilidade de descaracterização urbanística e histórica do local (entenda mais abaixo).
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"Entendemos que a paisagem é algo que compõe o imaginário coletivo, sendo muitas vezes parte da identidade de uma cidade e de um povo, como é o caso do Marco Zero para a sociedade recifense. [...] Como todo processo de potencial alteração de paisagem, a ideia é que qualquer proposta que venha a ser levada adiante pelo REC Cultural seja fruto de um processo legítimo e democrático", disse o REC Cultural na nota.
No comunicado, o REC Cultural também informou que:
Segue firme no nosso propósito de instalar um Centro Cultural no local e restaurar os imóveis no Marco Zero;
Todo o processo de licenciamento perante os órgãos competentes foi levado adiante para a realização do projeto;
Dará entrada na licença de instalação nos próximos dias;
Qualquer intervenção será realizada apenas a partir de um processo de consulta pública, que será feito nos próximos meses.
Na manhã desta sexta-feira (15), foi realizada uma reunião pública no auditório do Museu da Cidade, no bairro de São José, no Centro do Recife, para discutir o projeto.
Promovida pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), a reunião contou com a presença de arquitetos e representantes da Secretaria de Política Urbana e Licenciamento do Recife, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artística Nacional (Iphan) e do REC Cultural.
Projeto dividiu opiniões
A proposta submetida ao Iphan trata de dois projetos de restauro e intervenção nos edifícios localizados no número 23 da Avenida Rio Branco e no número 58 da Avenida Marquês de Olinda. Juntos, os dois imóveis formam um lote triangular.
O projeto de restauração inclui pintura; reparo de portas, janelas, rachaduras, oxidações em estruturas metálicas; reposição de vidros, além da remoção de mofos, infiltrações, entre outras ações.
A polêmica em torno do projeto de intervenção foi sobre a construção de um restaurante, em formato de zepelim, dividido entre as coberturas de ambas as edificações.
A ocupação dos espaços tinha sido autorizada pelo superintendente do Iphan em Pernambuco, Jacques Ribemboim, mesmo com dois laudos elaborados pelo corpo técnico do próprio instituto contrários à construção.
Outros órgãos como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), vinculado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e o Instituto dos Arquitetos do Brasil criticaram publicamente a decisão do superintendente.
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Publicada por: RBSYS