Conheça o trabalho do professor Alexandre Turra, que mesmo fisicamente longe do mar se conecta ao ODS 14, vida na água. Instituto Oceanográfico da USP ajuda na conservação marinha
Reprodução/TV Globo
A relação de Alexandre Turra, de 50 anos, com o oceano começou de forma curiosa. Seus pais trabalhavam como professores de um curso de escafandrista em Suzano, na Grande São Paulo. Quando pequeno, ele ficava imaginando como seria mergulhar e ver de perto todas aquelas criaturas que viviam no fundo do mar.
O desejo de criança virou profissão e atualmente o professor atua no Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo onde são realizados diversos estudos sobre a vida marinha e a qualidade da água do mar, além de também promover trabalhos educativos.
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“O oceano está em todo lugar. Tem oceano no ar que a gente respira, na chuva que cai em São Paulo. As roupas que estamos usando vieram dos navios que desembocam nos portos”, explica.
O professor conta que pode parecer estranho o Instituto de oceanografia não ficar em alguma cidade costeira, mas que a localização no campus da USP, na zona oeste, faz com que tenham facilidade de chegar de forma relativamente simples em toda costa de São Paulo.
“Nós temos duas bases de pesquisa, uma no litoral norte e uma no litoral sul. Também temos um armazém em Santos, na área portuária, onde nossas embarcações ficam.”
Na USP, os pesquisadores fazem todo o trabalho de processamento e análises de amostras coletadas no litoral, além de experimentos em aquários e com utilização de satélites, que permitem tirar algumas conclusões sobre os processos que estão acontecendo no oceano.
Um dos trabalhos de Turra é tentar mostrar para pessoas que mesmo distantes fisicamente do mar, estamos mais conectados com ele do que se imagina.
O instituto recebe visitas educativas de escolas. Algumas vezes esse é o primeiro contato das pessoas com o oceano. “Cerca de 30% da população brasileira jamais foi ao mar”, explica. “Um dos nossos objetivos é levar o mar para essas pessoas.Temos um museu oceanográfico, que é público e gratuito.”
Aluna da turma de Educação de Jovens e Adultos do colégio Santa Cruz, Bruna Assis de Souza é uma dessas pessoas que nunca foi à praia e participou do tour guiado. “Para mim, que nunca fui ao mar, essa visita foi muito boa, porque eu pude me sentir a um palmo do mar como se ele estivesse aqui.”
Turra comenta que a preservação dos oceanos é transversal aos outros objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. “Ao cuidar do oceano, a gente está combatendo a fome. A gente está combatendo a pobreza, a regulação climática, a gente está trabalhando a vida na terra. Então, se quisermos avançar na agenda 2030 da ONU, temos que cuidar do oceano.”
Instituto Oceanográfico da USP ajuda na conservação marinha
Reprodução/TV Globo
Por dentro dos ODS
Para as celebrações dos 470 anos da capital paulista, o Bom dia São Paulo, o SP1, SP2 e o g1 exibem nesta semana uma série de reportagens sobre paulistanos que estão fazendo a diferença em cada uma das áreas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ajudando a tornar a cidade um lugar melhor e mais justo para todos.
Nesta reportagem, tratamos do ODS 14: vida na água. Este ODS fala sobre a conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos.
Confira em detalhes o que ele estabelece:
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
14.1 Até 2025, prevenir e reduzir significativamente a poluição marinha de todos os tipos, especialmente a advinda de atividades terrestres, incluindo detritos marinhos e a poluição por nutrientes;
14.2 Até 2020, gerir de forma sustentável e proteger os ecossistemas marinhos e costeiros para evitar impactos adversos significativos, inclusive por meio do reforço da sua capacidade de resiliência, e tomar medidas para a sua restauração, a fim de assegurar oceanos saudáveis e produtivos;
14.3 Minimizar e enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos, inclusive por meio do reforço da cooperação científica em todos os níveis;
14.4 Até 2020, efetivamente regular a coleta, e acabar com a sobrepesca, ilegal, não reportada e não regulamentada e as práticas de pesca destrutivas, e implementar planos de gestão com base científica, para restaurar populações de peixes no menor tempo possível, pelo menos a níveis que possam produzir rendimento máximo sustentável, como determinado por suas características biológicas;
14.5 Até 2020, conservar pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas, de acordo com a legislação nacional e internacional, e com base na melhor informação científica disponível;
14.6 Até 2020, proibir certas formas de subsídios à pesca, que contribuem para a sobrecapacidade e a sobrepesca, e eliminar os subsídios que contribuam para a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada, e abster-se de introduzir novos subsídios como estes, reconhecendo que o tratamento especial e diferenciado adequado e eficaz para os países em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos deve ser parte integrante da negociação sobre subsídios à pesca da Organização Mundial do Comércio;
14.7 Até 2030, aumentar os benefícios econômicos para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos, a partir do uso sustentável dos recursos marinhos, inclusive por meio de uma gestão sustentável da pesca, aquicultura e turismo;
14.a Aumentar o conhecimento científico, desenvolver capacidades de pesquisa e transferir tecnologia marinha, tendo em conta os critérios e orientações sobre a Transferência de Tecnologia Marinha da Comissão Oceanográfica Intergovernamental, a fim de melhorar a saúde dos oceanos e aumentar a contribuição da biodiversidade marinha para o desenvolvimento dos países em desenvolvimento, em particular os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos;
14.b Proporcionar o acesso dos pescadores artesanais de pequena escala aos recursos marinhos e mercados;
14.c Assegurar a conservação e o uso sustentável dos oceanos e seus recursos pela implementação do direito internacional, como refletido na UNCLOS [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar], que provê o arcabouço legal para a conservação e utilização sustentável dos oceanos e dos seus recursos, conforme registrado no parágrafo 158 do “Futuro Que Queremos”.
Publicada por: RBSYS